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HMC capta múltiplos órgãos e beneficia sete pessoas

A Comissão Intra-hospitalar de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), do Hospital Municipal de Contagem, realizaou na tarde da última sexta-feira (30) a captação de múltiplos órgãos de um homem, 47 anos, vítima de hemorragia intracraniana, provocado por queda.

A família autorizou o procedimento, que foi realizado pela equipe de extração do MG Transplantes.

Segundo a Dra Cláudia Sueli da Rocha, médica responsável técnica e coordenadora da CIHDOTT, “com o gesto solidário da família, de seis a sete pessoas poderão ser beneficiadas”. A profissional esclarece que a captação de órgãos é um processo complexo, que segue várias diretrizes para se concretizar e só se inicia após perda completa e irreversível das funções do encéfalo.

Em 2019, o HMC já fez a captação de três doadores de múltiplos órgãos (rins, córneas, fígado, pâncreas) e 13 casos de doações de tecidos oculares. Nesta tarde, a expectativa é captar pulmões, coração, rins, pâncreas, fígado e córneas.

Procedimento

A captação de órgãos acontece em pacientes com morte encefálica. O primeiro passo é investigar a causa da catástrofe neurológica para que se tenha um diagnóstico preciso do óbito. São feitos exames de imagem e clínicos complementares a esta etapa. O protocolo de morte encefálica é aberto visando seguir critérios para o real diagnóstico.

A doação de órgão é feita mediante autorização por escrita dos familiares. Todas essas atividades são acompanhadas pela CIHDOTT que repassa constantemente as informações para o MG Transplante. Durante esse processo, a equipe multidisciplinar do CTI permanece assistindo ao paciente para que os órgãos continuem estáveis.

Regularmente são feitas capacitações na unidade IGH (Instituto de Gestão e Humanização) para que os colaboradores entendam sobre as etapas e protocolos a serem seguidos nesta atividade que faz parte da assistência a saúde e da atuação ético-legal dos profissionais. O esforço para a captação de órgãos se manteve estável mesmo dentro da gravidade da pandemia da Covid-19, ao contrário do que ocorreu em outros estados, que chegaram a interromper os transplantes.

O transplante é um dos maiores avanços de tratamento já descoberto pela medicina, “porém é um procedimento que depende diretamente da população. É preciso haver doador, por isso é muito importante que todos conversem sobre o assunto, esclareçam suas dúvidas e declarem o seu desejo de ser um doador para a família”, completa Dra Claudia.

Para ser um doador não é necessário deixar o desejo de solidariedade por escrito, no momento correto a família é quem tem o poder de decidir e autorizar a doação.

Informações importantes no processo de Doação de Órgãos

 1. A morte cerebral é o mesmo que o coma?

Não, a morte encefálica é muito diferente do coma. No coma, as células cerebrais continuam vivas, executando suas funções vitais; o que ocorre é uma falta de integração entre o individuo e tudo o que o rodeia. Na morte encefálica, as células nervosas estão sendo rapidamente destruídas, o que é irreversível.

 2. Após a doação, o corpo fica deformado?

Não. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, realizada com todos os cuidados de reconstituição obrigatórios por lei.

 3. Como me tornar um doador de órgãos?

Você precisa comunicar à família a sua decisão de ser doador, pois ela sempre é consultada no momento da doação.

4. O que é morte cerebral?

É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais, como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoas com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para doação enquanto ainda há a circulação sanguínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente.

5. Quais os tipos de doadores que existem?

Doador Vivo: que pode doar medula, rim, parte do fígado e um pulmão.

Doador de Coração Parado: que pode doar os ossos, as válvulas, os tecidos e as córneas.

Doador em Morte Cerebral: que pode doar os ossos, as válvulas, os pulmões, os tecidos, as córneas, o fígado, o pâncreas, o coração e os rins.

 6. Quem necessita receber um órgão transplantado?

Pacientes com insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca, insuficiência pancreática, problemas na córnea, pacientes com leucemia.